TEXTO:Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo. Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo. Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas.
Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e é domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! Acaso pode sair água doce e água amarga da mesma fonte? Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce.
(Tiago 3:1-12)
Nesse estudo veremos o quanto o crente deve ser cuidadoso na maneira de falar com os outros. Tema do terceiro capítulo da epístola, o meio-irmão do Senhor escreve sobre um pequeno membro do nosso corpo: a língua. Este acanhado, mas poderoso órgão humano, pode destruir ou edificar a vida das pessoas. Por isso, a nossa língua deve ser controlada pelo Espírito Santo a fim de sermos canais de bênçãos para aqueles que nos ouve.
A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3.1,2)
1. O rigor com os mestres. A palavra hebraica para mestre é rabbi, cujo significado é "meu mestre". Os mestres eram honrados em toda a comunidade judaica, gozando de grande respeito e prestígio. Na realidade, o ofício rabínico era uma das posições mais almejadas pelos judeus, pois era notória a influência dos mestres sobre as pessoas
(Mt 23.1-7). Daí o porquê de muitos ambicionarem tal posição. E é exatamente alarmado por isso que Tiago inicia então o capítulo três, referindo-se aos que acalentavam essa aspiração, visando obter prestígio, privilégio e fama, a que tivessem cuidado (v.1). Antes de almejarmos o ministério da Palavra devemos estar cônscios de nossa responsabilidade e de que um dia o Altíssimo nos pedirá conta dos atos e dos talentos a nós dispensados.
2. A seriedade com os mestres na igreja (v.1). Em Mateus 5.19 lemos sobre a advertência de Jesus quanto à seriedade e a fidelidade dos discípulos no ensino do Evangelho. Devido a sua importância, Jesus estabeleceu o ensino como um meio de propagar o Evangelho a toda criatura e, assim, ordenou a sua Igreja que fizesse seguidores do Caminho pelo mundo (Mt 28.19,20). É interessante notarmos o paralelo que Tiago faz em relação à advertência proferida por Jesus em tempo anterior: Quem foi vocacionado para ser mestre não pode ter o "espírito" dos fariseus, mas o de Cristo (Mc 12.38-40).
3. Perfeição que domina o corpo (v.2). Quem domina ou controla a sua língua, sem cometer delitos (excessos, descontroles, julgamentos precipitados, difamações, etc.), sem dúvida, é "perfeito". O controle da língua significa que a pessoa tem a capacidade de controlar as demais áreas da vida, pois a língua é poderosa "para também refrear todo o corpo". Quem tem domínio sobre a língua, tem igualmente o coração preservado, pois a boca fala do que o coração está cheio. Discipline-se! Faça um propósito com Deus e consigo mesmo: não empreste os seus lábios para fazer o mal.
II - A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-9)
1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5). Tiago faz uma analogia acerca da nossa capacidade de usarmos a língua. Ele remete-nos ao exemplo do leme dos navios e do freio dos cavalos. Apesar de tais objetos serem pequenos, porém, são fundamentais para controlar e dirigir transportes grandes e pesados. Assim, o apóstolo nos mostra que, apesar de pequena, a língua é capaz de realizar grandes empreendimentos - edificantes ou destrutivos. Como um pequeno membro é capaz de "acender um bosque inteiro"?
2. "A língua também é um fogo" (vv.6,7). Quantas pessoas não frequentam mais as nossas reuniões porque foram feridas com palavras? Você já se fez essa pergunta? É preciso usar nossa língua sabiamente, pois "a morte e a vida estão no poder da língua [...]" (Pv 18.21). Grande parte dos incêndios nas florestas inicia através de uma pequena fagulha. Todavia, essa faísca alastra-se podendo destruir grandes áreas de vegetação. Da mesma forma, são as palavras por nós pronunciadas. Se não forem proclamadas com bom senso, muitas tragédias podem acontecer.
3. Para dominar a língua. Ainda no versículo sete, Tiago faz outra ilustração em relação ao tema do uso da língua. Ele mostra que a natureza humana conseguiu domar e adestrar as bestas-feras, as aves, os répteis e os animais do mar. Mas a língua do ser humano até hoje não houve quem fosse capaz de dominar. Por esforço próprio o homem não terá forças para domar o seu desejo e as suas vontades. Mas quando Deus passa a nos governar, a língua do crente deixa de ser um órgão de destruição e passa a ser um instrumento poderoso e abençoador, usado para o louvor da glória do Eterno. A fim de dominar a nossa língua, devemos entregar o nosso coração inteiramente ao Senhor, "Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mt 12.34).
III - NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)
1. Bênção e maldição (v.10). Tiago até reconhece a possibilidade de alguém usar a língua de modo ambíguo. Entretanto, deve a mesma língua que expressa o amor a Deus, deixar-se usar para destruir pessoas? Apesar de o meio-irmão do Senhor dizer que tudo que existe obedece sua própria natureza, se experimentamos o novo nascimento, tornamo-nos uma nova criação, isto é, adquirimos outra natureza. Esta tem de ser manifesta em nosso falar e agir. Portanto, se você foi transformado pela graça de Deus mediante a fé de Cristo, a sua língua não pode ser um instrumento maligno. A fofoca, a mentira, a calúnia e a difamação são obras carnais e não podem ter lugar em nossa vida.
2. Exemplos da natureza (vv.11,12). O líder da igreja de Jerusalém usa dois exemplos da natureza para apontar a incoerência de agirmos duplamente. Tiago questiona a possibilidade de a fonte que jorra água doce jorrar igualmente água salgada. Para provar a impossibilidade natural deste fenômeno, o meio-irmão do Senhor pergunta, de maneira retórica, se uma figueira poderia produzir azeitonas, e a videira, figos. Naturalmente, a resposta é um sonoro não! Portanto, a pessoa que bendiz ao Senhor não maldiz o próximo. Se Deus é amor, como podemos odiar alguém?
3. Uma única fonte. Aquele que bebe da água da vida não pode fazer jorrar água para morte. Quem bebe da água limpa do Cristo de Deus não pode transbordar água suja. Portanto, a palavra proferida por um discípulo de Cristo deve edificar os irmãos, dar graça aos que ouvem e sarar quem se encontra ferido.
CONCLUSÃO
Uma vez Salomão disse que a boca do justo é manancial de vida (Pv 10.11), e que as palavras da boca do homem são águas profundas (Pv 18.4). Tomemos o devido cuidado com a maneira como usamos a nossa língua. Não esqueçamos que, no dia do Juízo, daremos conta a Deus de toda palavra ociosa proferida pela nossa boca (Mt 12.36).
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